Água na mistura do concreto
- cassianozago
- 31 de mar. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de jun. de 2019
Como regra, uma estrutura não existe sem a presença da água. Ou seja, ela estará sempre presente na mistura tanto do concreto quanto da argamassa (veja a diferença aqui entre os dois).
Conhecida como solvente universal, a água influencia diretamente na qualidade e segurança do concreto, de forma que, quando não utilizada corretamente, poderá trazer grandes prejuízos na resistência da estrutura.

Duff A. Abrams, especialista de concreto nos EUA, há quase um século atrás estudou a relevância da relação água/cimento (conhecido como fator a/c). Após inúmeros ensaios, foi descoberto que a variação nessa relação (a/c) interfere na resistência, durabilidade e retração do concreto.
Mas de que forma água interfere na mistura? Quando a água é adicionada na mistura, ocorre uma reação de hidratação e cristalização do cimento, que por sua vez, no fim do processo, confere a resistência do concreto.
O problema ocorre quando é colocado mais água do que o necessário. Nesse caso, a água excedente, que não reagiu com o concreto, ocupa um espaço desnecessário dentro do elemento estrutural. Com o tempo, essa água excedente é eliminada formando vazios no interior da peça, aumentando a porosidade e, como resultado, diminuindo a resistência final do concreto.
Ok, mas e se for colocado água de menos? Nesse caso, os processos de lançamento (movimentação do concreto até o local definitivo) e adensamento (processo de eliminação dos vazios contidos na massa) são dificultados, provocando falhas de concretagem e comprometendo a qualidade final da estrutura.
Logo, é de extrema importância que a dosagem de água e cimento seja exata, nem mais e tampouco menos. Para saber a quantidade correta de água a ser colocada na mistura, é necessário a consultoria de um Engenheiro Civil capacitado a dar essa informação. Inclusive, é de grande relevância que esteja descrito no seu projeto o traço do concreto a ser adotado na sua estrutura.
Mas e a qualidade da água?
A qualidade da água também geram alterações no concreto. Por exemplo, a presença de materiais orgânicos prejudica a durabilidade do concreto, resultando no aparecimento de manchas na face da estrutura.
Além disso, águas que contenham açúcar dissolvido ou sulfato (sais de enxofre) não são indicadas para a dosagem do concreto, podendo trazer prejuízos graves para a estrutura.
De forma prática, toda água que pode ser bebida serve para fazer concreto, ou seja, a água de abastecimento público atende aos critérios necessários, constatados na ABNT NBR 15900 – Água para amassamento do concreto.
ATENÇÃO: O recipiente utilizado para transportar o concreto recém misturado (assim como todo equipamento que entrar em contato com a mistura) deve ser armazenado corretamente para evitar a contaminação com óleos, graxas, açúcar, sal, serragem etc.

E quando o concreto atinge o ponto de pega (início do endurecimento), por que temos que molhá-lo?
A reação entre a água e o cimento é classificada como uma reação exotérmica, ou seja, é uma reação que libera calor.
Com o aumento do calor, ocorre uma perda considerável de água localizada na superfície do concreto. Associando a perda rápida de água com as dilatações diferenciais entre o núcleo quente e a face fria, ocorrem fissuras na face do elemento estrutural, diminuindo assim sua resistência.
Para evitar esse problema, é necessário realizar a cura do concreto imediatamente após o início da pega (endurecimento) do concreto.
A tarefa é simples, basta lançar água na superfície do elemento estrutural por pelo menos sete dias. Normalmente, as lajes são as que demandam maiores cuidados com relação a esse efeito. Vigas e pilares, devido suas dimensões serem menores, não apresentam tantos problemas.

Eng. Cassiano Zago
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